Thursday, April 24, 2008

Comunicado

Apesar dos inúmeros apelos, apoios, petições 'on-line', abaixo-assinados, declarações públicas, movimentos de base, reuniões de históricos e SMSs, venho declarar veementemente que não sou candidato à Presidência do PSD. Mais, reitero o meu incondicional apoio à candidatura do Engº José Sócrates, como único candidato credível para levar de novo o nosso partido ao poder.


Lino Centelha

Friday, January 04, 2008

Tirem! Tirem! Tirem!

( O Finúrias, que não tem mais que fazer, voltou a desafiar os grandes prosadores deste país para um texto alusivo já não sei a quê. Claro que eu tinha que estar presente...)

Tirem-me Setembro.

Tirem-me o Salazar e o estado novo e este novíssimo também.

Tirem-me a ditadura e a censura e a emigração para a América.

Tirem-me as alpergatas e as ceroulas e os campeonatos do Benfica.

Tirem-me a guerra de África e a do Iraque e a do Afeganistão.


Tirem-me Outubro.

Tirem-me a cauda da Europa e o corno de África.

Tirem-me as vitórias no atletismo de fundo.

Tirem-me a Amália, o Eusébio e o Pedro Abrunhosa.

Tirem-me a república, a monarquia e a independência.


Tirem-me Novembro.

Tirem-me a revolução e o muro de Berlim.

Tirem-me o folclore, as 770 novas Amálias e o Roberto Leal.

Tirem-me as castanhas e a água pé e a ginginha.

Tirem-me o verão de S. Martinho e o café descafeinado.


Tirem-me Dezembro.

Tirem-me o vinho, tirem-me a carta, tirem-me as próteses.

Tirem-me as couves galegas e o bolo rei com fava e brinde.

Tirem-me as mensagens do Cardeal, o ano novo do Presidente e o Last Christmas dos Wham.

Tirem-me a maior árvore de Natal do mundo e do universo.


Tirem-me Janeiro.

Tirem-me o Escudo invisível.

Tirem-me as tias, Cascais e o IC19.

Tirem-me a casa, o carro e as jóias da família.

Tirem-me o peso, a gordura, o cigarro e a saúde.


Tirem-me Fevereiro.

Tirem-me a máscara e os dias a menos.

Tirem-me a quarentena, o jejum e a indigestão.

Tirem-me a fé, a esperança e a criatividade.

Tirem-me o sono, o sexo, a cama e a mesa.


Tirem-me Março.

Tirem-me o pai, a mãe e a restante família.

Tirem-me uma fotografia para renovar o bilhete de identidade simplex.

Tirem-me o colete salva-vidas e o colete de forças e o colete encarnado.

Tirem-me o pão, a sopa e os convites da autarquia para ir ao teatro.


Tirem-me Abril.

Tirem-me a democracia, o parlamento, a vida e a liberdade.

Tirem-me Fátima, o Fado e o Futebol.

Tirem-me a minha marquise, a minha unhaca do mindinho e a SporTV.

Tirem-me o meu lugar cativo no estádio e o concerto dos três tenores.


Tirem-me Maio.

Tirem-me o emprego, os biscatos ou mesmo o meu posto de técnico de arrumação automóvel.

Tirem-me os sonhos e a gasolina barata e o passe social.

Tirem-me o subsídio de almoço, a bica e os pastéis de nata.

Tirem-me as espigas e as raparigas e o avô cantigas.


Tirem-me Junho.

Tirem-me o Camões e o Fernando Pessoa e os eléctricos de Lisboa.

Tirem-me a Expo, o casino e o parvalhão do futuro.

Tirem-me o Santo António, o S. Pedro, o S. João e a lúcida Lúcia.

Tirem-me as "trivelas", a "sustentabilidade" e o "então é assim".


Tirem-me Julho.

Tirem-me o subsídio de férias e a devolução do IRS.

Tirem-me a tenda vitalícia na Costa da Caparica.

Tirem-me a vocação para a matemática e ciências naturais dos meus filhos.

Tirem-me o passado e o presente deixado no chão pelo cão do vizinho.


Tirem-me tudo, tudo isto, mas não me tirem Agosto.

Que nessa altura estou de férias na pacatez das praias do Algarve, bem untado com protector solar factor 15, óculos de sol e vigilante, "derivado às gaijas boas e aos tsunamis que hádem acontecer".


Lino Centelha